o primeiro dia

Oi Wal.


- Oi Gata. Que cara é essa? Um misto de destruída e aliviada?


Rsrsrs. Definiu bem. Saí do emprego.


- O QUE?!?! COMO ASSIM? E AGORA? COM QUE DINHEIRO EU VOU COMPRAR CERVEJA? COMO É QUE VOCÊ VAI PAGAR AS CONTAS?


Pra variar um pouco, que tal com o seu? Olha Wal, hoje não dá pra ter longas e divertidas conversas. Tô cansada. Mental e fisicamente cansada.


- Posso ao menos saber o que foi que aconteceu?


Cansei. Cansei de achar que amanhã poderia ser melhor, cansei de empurrar com a barriga, cansei de me calar diante de posições com as quais sou contrária, cansei de mentir pra mim mesma e principalmente cansei de deixar que os outros digam quem eu sou.


- Nossa. Cansei só de ouvir.


Foram seis anos da minha vida, aprendendo muito com pessoas maravilhosas algumas das quais jamais sairão dela. Mesmo com muito medo do amanhã não podia continuar fingindo que tudo estava bem quando na verdade estava um caos. Seria injusto comigo, com Reginaldo (meu eterno chefe, porque eu sou a Pocahontas da empresa ainda!) e com todos os meus colegas de trabalho que acreditam em mim e dependem do meu trabalho para poder executar o deles. Não sou assim, não faz parte de mim e espero que nunca faça.


- Você foi corajosa. Outras pessoas esperariam que o caldo entornasse de vez. Estou orgulhoso de você.


Obrigada Wal. Apesar de ter chorado demais (Nunca consigo fazer nada sem chorar. É fogo!) estou bem. Aliviada e consciente de minha atitude. Agora é tocar o barco pra frente.


- Não esqueça de um detalhe: eu vou estar sempre aqui ao seu lado.


Eu sei. Isso me fortalece, às vezes pra ser sincera. Vou tomar um banho e dormir ok?


- Vai lá Gata. Vou ficar por aqui pensando um pouco.


Boa noite.


- Putz! Como é que vou comprar cerveja agora? 

Quando eu tinha 11 anos, acho eu, a rua da casa da minha avó não era asfaltada. Isso nos trazia grandes problemas, principalmente quando chovia. Ou ficávamos ilhados lá, sem poder sair, ou não conseguíamos chegar se estivéssemos fora.

- Posso saber qual a importância dessa informação para os leitores desse blog?

Logo saberás. Juntamanete com todos eles.

- Mas eu mereço saber antes! Porque só vou poder saber quando eles souberem?

Aff! Tá bom então, senta que te conto! Eu escrevi uma carta para o então prefeito da cidade, pedindo que ele mandasse calçar a rua da minha avó porque ela sofria muito com os alagamentos e o carro do meu avô sempre quebrava por conta dos buracos. Logo em seguida começaram as obras.

- E você acredita até hoje que foi por sua causa?

Lógico que não ô criatura santa! Mas na época sim. Teve inauguração com direito a palanque e eu fui convidada a subir para descerrar a placa junto com o Prefeito. Me achei muito importante e feliz com a minha iniciativa e escrever a cartinha. Mas isso não é onde quero chegar. So contei para poder situá-los na história que começa agora:

- Isso tudo só pra situar?

Se reclamar não conto mais nada!

- Tá bom... Vou ficar calado.

Então, logo depois que a rua foi calçada, levei um tombo e arrebentei o joelho.

- Eu me lembro disso... Você passou dias com febre e dor de garganta.

Exatamente. Fui ao hospital e precisou fazer uma raspagem na área porque estava muito inflamado.

- Sim... E...

Aí que eu caí novamente. E o joelho ta inchado e machucado como da primeira vez. Não quero passar por tudo aquilo de novo Wal... Foi muito doloroso pra mim...

- Mas se for preciso vai fazer sim.

É... Eu sei Wal... Mas espero não precisar.

- Gata, sabe quem é o culpado disso tudo, não sabe?

Ninguém a não ser eu mesma que caí sozinha Wal.

- Não Gata! é lógico que tem um culpado! Quem mandou calçar a rua? O Prefeito! A culpa é dele! Sempre a política incomodando!

Isso foi a coisa mais absurda que eu já ouvi.

- Pode ser absurda como for. Mas se a rua não tivesse sido calçada, hoje você não teria essa lembrança ruim e não estaria preocupada. Ou seja, culpa do Prefeito!

o pedido

- Gata?
...
Oi Wal! Acordado tão cedo. O que houve?


- É que hoje é sábado. Mas não é um sábado qualquer né?


Hum rum! Hoje é Sábado de Zé Pereira. Dia que o Galo sai as ruas do Recife arrastando multidões de foliões ávidos pelo som do frevo.


- Exatamente por isso eu estou aqui hoje, tão cedo...


E?...


- Nem sei como dizer...


Que tal começar pelo começo? Faz assim: fecha os olhos e fala. Fica mais fácil.

- Ok. Você vai pro Galo?

Humrum.

- Mesmo com o pé na botinha?

E desde quando um pé imobilizado me impediu de fazer alguma coisa Wal? Parece que nem me conhece...

- É verdade. Lembra daquela vez em que você foi pra Boa Viagem e tava chovendo?

Wal, não foge do assunto. Fala logo o que é que você quer.

- Não apressa! Já tá difícil sem sua ajuda!

Ok. Respira e fala Gato.

- Já que vvocê vai pro Galo, er... er... er..

Aff, Fala logo!

- Tá bom! Já que  você ai pro Galo, er... er... posso ir junto?

Hein? Cumequié?? Você quer ir pro Galo?!?

- Sim...

Mas você nunca, nunquinha gostou de carnaval. (a não ser pelas mulheres peladas...)

- As pessoas podem mudar de idéia não acha?

Tem alguma coisa errada nisso tudo sabia?

- Como assim? Não tem nada errado nisso não é? Eu querer conhecer o carnaval?

Tem sim quando você sabe que combinei com meus amigos e vou pra um camarote onde vai ter muita gente bonita. Acho que isso é motivo mais do que justo não?

- Tá bom! Eu confesso! Achei que ia passar o carnaval com você em casa já que seu pé está imobilizado. Mas parece que dá uma febre em você quando ouve os acordes do frevo! Gata, eu morro de preocupação com você na rua e eu aqui sem saber o que você anda fazendo. Lembra do ano passado?

Lembro sim. (caso você não lembre, leia aqui) E achei ótimo.

- Mas você me deixou o dia todo sozinho! E se você não tivesse voltado? O que seria de mim?

Walter, você está com medo de ficar sozinho?

- Aaacho que sim... É estranho porque nunca senti isso na vida...

Relaxa gato, isso é efeito da folia momesca. Nesta época homem se veste de mulher, tímidos saem as ruas conversando com todo mundo, os sérios ficam risonhos e tudo funciona ao contrário. É normal que conosco aconteça o mesmo.

- Não entendi.

Os medos. Lembra que sempre falei do medo de ficar sozinha? E você sempre me encorajou? No carnaval não sinto isso porque só tenho vontade de brincar. E pode ficar tranquilo que volto pra casa sã e salva e sozinha! 

- Sério? Não vai arranjar ninguém pra por no meu lugar?

Nunca farei isso Wal. Você faz parte de mim, lembra?

- É verdade. Você não pode por ninguém no meu lugar. Obrigado Gata. Tô mais tranquis agora. Vai lá e curte a muvuca que eu vou ver a peitudas pela tevê.

Beleza então. No final da tarde estarei de volta. Fica tranquilo que não ponho ninguém no seu lugar. Prometo. Mas...

- Mas o que?!?!

Mas, como não beijo você, pode ser que arrume um por lá... beijos!

- Gataaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa! Volte aqui!

mais uma de ônibus

- Nossa gata! Que cara é essa?


Mais uma aventura com os ônibus Wal.


- Isso já está ficando repetitivo gata. Daqui a pouco você perde a credibilidade.


E quem disse que quero ter credibilidade por ser tão atroada? Obrigada mas dispenso. E saiba que dessa vez foi bem pior viu?


- Pior do que cair sentada no corredor? Duvido!


O ônibus ia me atropelando.


- É. Dessa vez foi pior. E você está bem?


Fisicamente sim. Só o pé e o joelho que estão doendo.


- Como foi isso gata?


Foi assim: Aí eu tava chorando né, poxa! Vou começar de novo a chorar. snif, snif, snif. Aí o telefone tava tocando e eu fui atender pensando que era uma pessoa mas não era, aí, aí eu fui atravessar a rua com os olhos cheios d'água e não vi o buraquinho na pista e meu pé virou e eu caí de bunda pra cima e cara no chão. E o motorista freou bem pertinho do meu rosto pra não me atropelar. buaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!


- Primeiro vem cá gata. Pronto, pronto, já passou viu. Agora você está segura em casa. Viu? Já está mais calma! Agora me conta primeiro porque você estava chorando:


Porque eu tô muito, muito, muito triste com uma pessoa que eu pensei que podia confiar e descobri hoje da pior maneira possível que não posso e fiquei muito magoada e não conseguia parar de chorar desde que aconteceu o acontecido.


- Adiantou chorar tanto? Você quase morreu por causa disso. Não pode ser assim gata! Você confia sempre e me corrija se estiver errado: sempre quebra a cara não é? Não espere demais das pessoas...


Eu achei que essa pessoa era diferente Wal, Ok! eu até sei que também fui uma menina um pouquinho má. Mas juro que não foi de propósito! Eu só tava perdida! Nunca faria isso com ninguém de propósito e você sabe!


- Sei sim gata. Mas que bom você reconhecer sua parcela de culpa. Já é um grande passo. Agora eu pergunto novamente: adiantou chorar tanto?


Aliviou o peito...


- As custas de quase morrer atropelada?


É. Não adiantou.


- Que bom então. Agora já podemos passar pra segunda pergunta: Você foi atravessar na faixa de pedestres?


... Er... não.


- Então mais uma vez você está toda errada! Onde já se viu, atravessar fora da faixa!


É.. eu sei que você está certo novamente. Mas pode pensar um pouco na dor que eu estou sentindo neste pé? Tá doendo muito!


- Que bom que você está viva pra sentir a dor!


Poxa Wal, não precisa me deixar mais pra baixo do que já estou né? Desculpa...


- Não é a mim que você deve pedir desculpas. É a você mesma. Onde já se viu tanta inconsequencia junta? Você podia ter morrido gata! E a custa de que? Até agora nada que me convença valer mais do que sua vida!
Presta atenção princesa, não deixa os outros interferirem dessa maneira na sua vida. Você é muito importante pra todos nós! É quase uma mega sena acumulada! Vale demais pra todos nós!


Snif, snif, snif, Você tem razão Wal. Fui mesmo uma boba. Quem está perdendo não sou eu.


- Muito bem gata! Agora vem sentar aqui pra por gelo nesse pezinho lindo.


Obrigada Wal. Você é um amor.


- Não por isso gata. Queria ter estado ao seu lado hoje.


Eu também queria Wal. Pelo menos nada disso teria me acontecido...


- Na verdade gata, eu queria estar junto pra ver você cair de bunda pra cima.


Definitivamente hoje não é o meu dia!


P.S. Estamos de cara nova. Prometo fazer um post mais legal sobre isso. Hoje não tô muito legal pessoas. Obrigada a todos que contribuiram com essa nossa nova cara do Walter. E obrigada a Rebeca por toda a sua paciência em me aturar! 

Aguardem....

A qualquer momento estaremos de cara nova!

ganhamos lálélulélo!

Walter!

- Oi gata!

Aff! Você não perde essa mania? Pode ao menos uma vez me chamar pelo meu nome? Ou então arranjar um apelido que soe menos cafajeste? Esse é podre!

- Vou pensar no seu caso. Mas diz aí, qual o motivo de tanta euforia?

Ganhamos!

- Na mega sena? 

Como se nós nunca, nuunquinha jogamos?

- É uma pena... Já estava fazendo planos de como gastar os milhões...

Ganhamos o concurso do template exclusivo! Arigó de cabelo!

- Sério gata? Vamos ter um template pra chamar de nosso? E o que é um arigó de cabelo?

Sim, sim, sim! Não sei o que é um arigó de cabelo...

E quero aproveitar e agradecer a todos que colaboraram com seus votos e dizer que a Rebeca Rocha já começou a trabalhar e logo, logo nosso blog terá nossa cara de verdade! Não é o máximo?

- É sim gata. Tô pensando numa coisa...

No que?

- Tem algum programa de entrevistas mais famoso do que o de Oprah?

Não sei Wal, acho que deve existir, já desistiu dela?

- Tô achando Oprah muito pouco diante do meu potencial. Mas ainda vou deixar na lista... Por enquanto!

Walter, acho que você está se preocupando com coisas que não te pertencem. Devia focar mais no seu universo.

- Tens razão gata! Vou contratar um empresário! Ele é quem deve cuidar disso! Alguém aí tem o telefone do empresário da Madonna?

falaram de nós!

Walter! Você viu?


- O que gata?


Estamos ficando famosos!


- "Estamos"? Você está, quer dizer. Eu já nasci famoso gata.


É a modéstia em pessoa... Mas isso não importa.
O importante é saber que fazemos parte de um poema que fala de vários blogs. Adorei a maneira que ele escreveu "A culpa é do Walter (ego)"


- Sério? Me mostra.


Tá aí pra quem quiser ler: Cacofagia E digo mais: Não leiam apenas esse texto. Todos são maravilhosos. Ele escreve com a alma. Pena não sabermos o seu nome... Ele se autodenomina "Mais um imundo nesse mundo impuro" Forte né?


- Poxa gata, o cara é bom mesmo. Valeu pela homenagem irmão! Um cara assim tem que torcer pro Flamengo.


Wal, não mistura as coisas. Estamos falando de poesia, arte com as palavras e não arte com os pés.


- Gata, só tenho a te dizer que a escalada começou.


Que escalada? Vai fazer alpinismo?


- Na vida já fazemos. Lembra quando falamos e eu disse que iria aparecer no Jô Soares?


Meu Deus. Foi um grande devaneio seu Onde já se viu nós dois no Jô? (Sou louca pra saber o que ele põe naquela caneca. Nem venham dizer que é água porque eu duvido sempre!)


- Agora não sei mais se quero apenas o Jô Soares...


... Oprah Winfrey aqui vou eu!